O espetáculo “A Casa do Sol” quer colocar em evidência um dos maiores nomes da literatura brasileira: Hilda Hilst.
2010
• Finalista no projeto Cena-Espetáculo do Galpão Cine Horto, Belo Horizonte
• Estréia no teatro Izabela Hendrix, Novembro de 2010, em Belo Horizonte.
2011
• Indicado ao Prêmio Usiminas Sinparc nas categorias Melhor Trilha Sonora Original e Iluminador Revelação
• Contemplado pelo Fundo Municipal de Cultural de Belo Horizonte
• Temporadas em Belo Horizonte: Teatro Oi Futuro | Esquyna Espaço Coletivo Teatral | Sesc Palladium, Espaço Multiuso | Spetáculo Casa de Artes | ZAP 18
• Indicado ao Prêmio Usiminas Sinparc nas categorias Melhor Trilha Sonora Original e Iluminador Revelação
• Contemplado pelo Fundo Municipal de Cultural de Belo Horizonte
• Temporadas em Belo Horizonte: Teatro Oi Futuro | Esquyna Espaço Coletivo Teatral | Sesc Palladium, Espaço Multiuso | Spetáculo Casa de Artes | ZAP 18
Terceira montagem teatral do grupo mineiro Asterisco Cia de Teatro, “A Casa do Sol” estreou em novembro de 2010. Trata-se de uma recriação de várias obras da escritora brasileira Hilda Hilst, uma das mais relevantes escritoras em língua portuguesa do século XX.
Recentemente o espetáculo foi contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura para realizar apresentações no segundo semestre de 2011. A Casa do Sol foi indicada ao prêmio Usiminas/Sinparc 2011, através de Sérgio Andrade, compositor, e Fabrício Amador, iluminador.
Diversidade de linguagens artísticas
Considerada uma das mais importantes escritoras em língua portuguesa do século XX, Hilda Hilst escreveu poesia, teatro, prosa, crônicas e criou uma obra diversificada em linguagem e conteúdo. Para alcançar a multiplicidade da escritora, o espetáculo preza pela interação entre diferentes áreas artísticas, trabalhando com uma equipe de 15 artistas, entre músicos, artistas plásticos, video-makers e os próprios integrantes do grupo, que são profissionais do teatro.
A relação entre o ser humano e Deus, entre ser humano e a eminência da morte (representada através do amor que acaba, do amado que abandona a mulher, e do corpo que envelhece), e a relação entre artistas e mercado são os três principais eixos do espetáculo. Esses três eixos se reúnem em uma dramaturgia que aposta na fragmentação para misturar momentos de muito humor e de forte densidade dramática, uma idéia diretamente inspirada na estrutura literária de Hilda Hilst, que funde diferentes assuntos e gêneros literários em uma mesma obra.
A trilha sonora é original e totalmente executada ao vivo, projeções de vídeos compõem as cenas, e as artes plásticas estão presentes não só na criação de figurinos e cenários, mas também diretamente na encenação. A movimentação de algumas cenas remete explicitamente a obras clássicas como “A Criação de Adão”, de Michelangelo, ao “Êxtase de Santa Tereza D’Ávila”, de Bernini, e a “Vênus com Espelho”, de Velásquez. Uma grande escultura em argila, manipulada em cena, representa o amado que não corresponde aos desejos da amante e também um Deus grandioso e, por vezes, opressor.
Trilha sonora
Sérgio Andrade, compositor da trilha sonora de A Casa do Sol, participou do projeto também como dramaturgo e assistente de direção. Portanto, o processo de composição musical esteve intimamente ligado com a pesquisa para criação do espetáculo, de modo que a música se tornou um discurso importante na encenação.
Poucos poemas são ditos em cena pelas atrizes, mas a canção se mostrou o lugar mais justo para colocar diretamente em cena essa importante faceta de Hilda Hilst. Uma delas apresenta ao público a versão em francês, ainda inédita, de poemas do livro “Da Morte”, com tradução realizada por Cristiane Grando e Esperáce Aniesa.
Seis músicos (viola de orquestra, violão sete cordas, piano e voz, baixo acústico, trombone, bateria e flugelhorn) executam ao vivo a trilha sonora totalmente composta por Sérgio Andrade.
Hilda Hilst e A Casa do Sol
Hilda Hilst leu em Cartas a El Greco, de Kiko Kazantizakis, que para compreender o ser humano é preciso afastar-se dele. Em 1966 a escritora decidiu abandonar a rotina da já balada capital paulista e mudou-se para uma casa afastada do centro urbano, em Campinas. Batizada de Casa do Sol, a residência tornou-se um retiro de concentração para a criação artística onde escreveu mais de 30 livros, buscando a compreensão sobre o ser humano e o contato com Deus.
O que Hilda Hilst parece ter compreendido é que o ser humano é inevitavelmente contraditório, e é inútil reduzido-lo a conceitos unilaterais de pureza ou maldade, seriedade ou escárnio. É inútil tentar descrevê-lo através de uma só linguagem. Seus textos querem enunciar a totalidade do homem, e para expressá-la bem recorrem a diversos gêneros e formas.
Máximo do humor
Após uma carreira de muitas publicações e pouco retorno financeiro, em 1991 Hilda Hilst deu início à chamada trilogia pornográfica, uma série de livros onde se aprofunda no escárnio, questionando com franqueza e humor únicos o descaso geral do país em relação à arte, a bestialização da mentalidade nacional e suas conseqüências políticas e sociais.
O grupo Asterisco transpõe para a cena esse humor ao mesmo tempo escachado e inteligente. Surgem em cena escritores que querem “exaltar a terra dos pornógrafos, dos pulhas, dos vis”, e que gargalham diante dos escritores concentrados na procura de uma linguagem inovadora e mais inteligente; senhoras se reúnem para criar um esquadrão de extermínio de corruptos; e o diabo recita um poeminha infantil de autoria própria.
Disposição da área de encenação e do público
A área de encenação do espetáculo é disposta em passarela, ou corredor, remetendo à alameda de entrada da Casa do Sol, residência de Hilda Hilst. Em seu primeiro espetáculo o Asterisco já havia experimentado essa disposição, com platéia ladeando a área de encenação.
Asterisco
Criado em 2005, o grupo Asterisco Cia de Teatro foi muito ativo na participação de Festivais como o Cenas Curtas do Galpão Cine-Horto, o Festival de Esquetes de Cabo Frio, e Encontros Internacionais, o Línea Transversale, nos quais teve a oportunidade de mostrar os primeiros trabalhos, as cenas curtas “Vida Doriana em: O Tempo De Um Ovo” (2005/2006) e “Barbárie” (2006/2007/2008. Indicada a 5 prêmios no Festival de Esquetes de Cabo Frio). Em 2009 estreou “Chuvas Viagens Sovacos e Cebolas”, primeiro espetáculo de longa duração da Cia, e “Roleta Russa”, primeiro monólogo do grupo, também de longa duração.
Em 2010, foi um dos quatro finalistas do projeto Cena Espetáculo, do Galpão Cine Horto. Em parceria com jovens artistas oriundos da música e das artes visuais, estreou em novembro de 2010 “A Casa do Sol”, espetáculo dedicado à Hilda Hilst.
Em 2011 foi contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura, e indicado ao Prêmio Usiminas/Sinparc pela trilha sonora e iluminação do espetáculo A Casa do Sol.