“...uma noite eu lia sobre as estruturas políticas, o corno das ditaduras no ventre dos humildes, a anatomia intricada dos homens do Poder e pensei que uma palavra devia chegar aos homens, que era inútil ficar olhando para cima e para baixo te buscando e então sentei-me e escrevi durante dez noites a palavra amor, cem mil páginas, cem mil, coloquei o calhamaço num caixote com rodinhas postei-me numa esquina e a todo aquele que passava eu entregava uma folha e dizia Amor Amém. Cão de Pedra, como a cidade riu. As mulheres desabotoavam a blusa à minha frente e gritavam: Vem, amor, Kadosh. Os homens cuspiam na minha cara: vai arriando as calças amor amor.Corri, quebrei os tornozelos, vivi noventa dias no caixote de rodinhas, o traseiro em brasa sobre o calhamaço amor amor. Que nojo. Que vergonha.”
KADOSH
“O termo hebraico Kadosh, utilizado nas escrituras, significa “santo”, “santificado”. A sua raiz, entretanto, guarda o sentido de “separar”ou “pôr-se à parte”.” Orelha da de edição 2002
Na primeira edição chamava-se Qadós, na segunda a própria Hilda mudou para Kadosh. Nele estão os textos-contos-teatro-poesia:
- Agda
- Kadosh
- Agda
- O Oco
Do Aurélio: Cadoz
(ó). [Do ár. qadus, pelo esp. arcaduz.] S. m.
1.No jogo da péla, buraco onde a caída da bola acarreta a desclassificação do jogador. 2. Covil, toca, esconderijo. 3. Lugar donde não se pode sair. 4. Depósito de lixo; monturo.
1 comentários:
cem mil páginas de AMOR.
Belo, lindo demais.
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