Trechos do texto publicado na edição 12 da revista CULT, em julho de 1998. Matéria por Bruno Zeni. Faça o download desta edição da CULT nesse link, e leia a entrevista completa.
A escritora paulista Hilda Hilst passou anos em luta contra o esquecimento e o desdém da crítica. Em mais de 40 anos de literatura, Hilda escreveu poesia, ficção e teatro - com resultados notáveis nas três modalidades segundo os poucos críticos, como Anatol Rosenfeld, que ousaram estudá-la.
Aos 68 anos, Hilda Hilst continua esbravejando contra o silêncio da crítica e a incompreensão dos leitores, mas ostenta agora uma sarcástica soberba a respeito da própria obra. Falando sobre qual seria seu gênero literário preferido, ela não economiza auto-elogios:
"Eu me acho perfeita nos três. O que eu escrevi é tão bonito... Eu leio e fico besta. Como é possível eu ter feito uma coisa tão deslumbrante e ninguém compreender?"
CULT - Você nunca pensou em escrever filosofia?
H.H. - Eu escrevo filosofia em todos os meus livros. Com fundo narrativo ou não, é filosofia pura.
H.H. - Eu escrevo filosofia em todos os meus livros. Com fundo narrativo ou não, é filosofia pura.
CULT - Você continua escrevendo?
H.H. - Não. O que eu escrevi é tão bonito... Eu leio e fico besta. Como é possível eu ter feito uma coisa tão deslumbrante e ninguém compreender? Chega uma hora, quando você vai envelhecendo, vai dando um desapego, você não se importa mais com nada. Nem com a fama. Eu fico lembrando a passagem da Odisséia em que Ulisses está na gruta e o ciclope pergunta "Quem é?". E ele responde "Ninguém, meu nome é Ninguém". É assim que eu me sinto: ninguém, ninguém. Um astrólogo amigo meu disse que em outra vida eu fui uma puta. Por isso que nessa vida eu fiquei obscura, porque na outra eu fui muito conceituada enquanto puta. (risos)
H.H. - Não. O que eu escrevi é tão bonito... Eu leio e fico besta. Como é possível eu ter feito uma coisa tão deslumbrante e ninguém compreender? Chega uma hora, quando você vai envelhecendo, vai dando um desapego, você não se importa mais com nada. Nem com a fama. Eu fico lembrando a passagem da Odisséia em que Ulisses está na gruta e o ciclope pergunta "Quem é?". E ele responde "Ninguém, meu nome é Ninguém". É assim que eu me sinto: ninguém, ninguém. Um astrólogo amigo meu disse que em outra vida eu fui uma puta. Por isso que nessa vida eu fiquei obscura, porque na outra eu fui muito conceituada enquanto puta. (risos)
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