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Música de Sérgio Andrade sobre trechos de poemas de Hilda Hilst, do livro "Da Morte. Odes mínimas", traduzidos para o francês por Cristiane Grando e Espérance Aniesa.
Dois poemas deste mesmo livro:

Da Morte. Odes Mínimas
Hilda Hilst

IV
Vinda do fundo, luzindo
Ou atadura, escondendo,
Vindo escura
Ou pegajosa lambendo
Vinda do alto
Ou das ferraduras
Memoriosa se dizendo
Calada ou nova
Vinda da coitadez
Ou régia numas escadas
Subindo

Amada
Torpe
Esquiva

Bem-vinda.

XXVIII
Ah, negra cavalinha
Flanco de acácias
Dobra-te para a montaria
Porque me sei pesada
De perguntas, negras favas
Entupindo-me a boca
E no bojo um todo averso
Uns adversos do nojo:
Que rumos? Que calmarias? 
Me levas pra qual desgosto?
Há luz? Há um deus que me espia?
Vou vê-lo agora montada alma
Sobre as tuas patas? Tem rosto?
Dobra-te mansa.
Porque me sei pesada. De vida.
De fundura de poço. E porque
Um poeta não sabe montar a morte
Ainda que seja a minha:
Flanco de acácias.
Negra cavalinha.


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